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domingo, 6 de março de 2011

Respostas sobre Reencarnação. Parte 9

Algum tempo atrás, navegando pela Internet, encontrei uma página ligada a uma igreja evangélica que fazia uma série de ataques ao Espiritismo, em todas as suas manifestações. Lendo alguns artigos, percebi que eles dedicavam especial atenção em atacar a doutrina da reencarnação. Não é por acaso: esse é um dos principais pilares das religiões de matriz espiritualista. Na mesma página havia um questionário tomado emprestado de uma organização católica, intitulado “20 Perguntas aos Reencarnacionistas”. Percebendo a inconsistência das perguntas, resolvi respondê-las, uma a uma. Como percebo que, em alguns momentos, nós, espíritas umbandistas, nos esquecemos um pouco desse fundamento, decidi publicar as perguntas e as respostas, até como forma de fomentar a reflexão sobre esse fundamento tão importante de nossa religião. Como o texto ficaria muito grande para ser publicado em um único artigo, irei dividi-lo em dez partes, com duas perguntas de cada vez.
DÉCIMA-SÉTIMA PERGUNTA.

"É essa tendência dualista e gnóstica que leva os espíritas, defensores da reencarnação, a considerarem que o mal é algo substancial e metafísico, e não apenas moral. O que, de novo, é tese da Gnose."

R- Aparentemente, as pessoas não conhecem suas próprias crenças e se propõem a criticar as crenças alheias. Quem realmente acredita que o mal é substancial e metafísico, senão aqueles que acreditam na existência do diabo? Seria o problema novamente de ordem conceitual? Que se pode entender pelo adjetivo “substancial”? Notoriamente aquilo que tem substância, que tem existência em si mesmo. Ora, uma das mais elementares noções ensinadas pelo Espiritismo é a de que o mal provém unicamente da ignorância do homem, por isso se faz necessário o esforço pela reforma íntima, conquistada pelo aprendizado, e pela prática reiterada do bem.
Já para as religiões cristãs tradicionais, o mal está sempre personificado no diabo, que seria, esse sim, a substância metafísica, o mal substancial.
Chego a pensar que para algumas dessas religiões – notadamente maniqueístas – a crença no diabo é muito mais importante que a crença em Deus. Se, em algum momento, se conseguisse provar que o diabo não existe, elas também deixariam de existir, por perda de objeto, tamanha é a obstinação na existência do “inimigo” e na necessidade de derrotá-lo. Não conseguem perceber que a grande luta do homem é contra si mesmo, contra suas más inclinações, contra as paixões e os vícios que sustentam o mal em consciências doentes.
DÉCIMA-OITAVA PERGUNTA
"Se, reencarnando-se infinitamente, o homem tende à perfeição, não se compreende como, ao final desse processo, ele não se torne perfeito de modo absoluto, isto é, ele se torne Deus, já que ele tem em sua própria natureza essa capacidade de aperfeiçoamento infindo."
R- Comecemos por fazer alguns reparos de ordem doutrinária: o homem não reencarna infinitamente; reencarna indefinidamente, até atingir um estágio de aperfeiçoamento em que o processo reencarnatório não seja mais necessário. Continuemos por fazer alguns reparos na coerência da pergunta: se o homem reencarnasse infinitamente, não se poderia esperar a perfeição ao final desse processo, considerando-se que o que é infinito não tem final. Parece bastante lógico, mas, muitas vezes, a ansiedade em lançar o anátema acaba por embotar a razão e, aí, mais vale uma pergunta de efeito, que um raciocínio coerente.

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