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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Respostas sobre Reencarnação. Parte 4

Algum tempo atrás, navegando pela Internet, encontrei uma página ligada a uma igreja evangélica que fazia uma série de ataques ao Espiritismo, em todas as suas manifestações. Lendo alguns artigos, percebi que eles dedicavam especial atenção em atacar a doutrina da reencarnação. Não é por acaso: esse é um dos principais pilares das religiões de matriz espiritualista. Na mesma página havia um questionário tomado emprestado de uma organização católica, intitulado “20 Perguntas aos Reencarnacionistas”. Percebendo a inconsistência das perguntas, resolvi respondê-las, uma a uma. Como percebo que, em alguns momentos, nós, espíritas umbandistas, nos esquecemos um pouco desse fundamento, decidi publicar as perguntas e as respostas, até como forma de fomentar a reflexão sobre esse fundamento tão importante de nossa religião. Como o texto ficaria muito grande para ser publicado em um único artigo, irei dividi-lo em dez partes, com duas perguntas de cada vez.
SÉTIMA PERGUNTA
Vimos que se a reencarnação fosse verdadeira, todo nascimento seria causa de tristeza. Mas, se tal fosse certo, o casamento - causador de novos nascimentos e reencarnações – seria mau. Ora, isto é um absurdo. Logo, a reencarnação é falsa.
R- Trata-se de uma pergunta sofismática do princípio ao fim. Primeiramente, a premissa de que com a reencarnação o nascimento seria motivo de tristeza não é um truísmo a dispensar demonstração, mas tão somente uma opinião dogmática. Na condição de premissa fundamental, a carência de universalidade, falseia todo o raciocínio, negando logicidade à conclusão. Observe-se ainda que o causador de novos nascimentos é o sexo e não o casamento e as duas coisas são naturalmente dissociadas. A necessidade de um casamento formal a legitimar a prática do sexo é uma mera convenção hodiernamente anacrônica. Há uma imensidade de filhos havidos fora do casamento formal e isso não os torna menos nascidos. Da mesma forma, há um grande número de casamentos que não produzem filho algum e isso não os torna menos válidos. O casamento formal é uma instituição social que foi alçada pela igreja à condição de sacramento, a fim de se emprestar legitimidade divina à fusão de impérios e ao direito hereditário. Não tem, por isso mesmo que ser necessariamente um bem e nem muito menos é absurdo que, em determinadas circunstâncias, seja um mal. Em qualquer caso, o que pode haver de divino em um casamento é o amor. Havendo amor o casamento tende a ser um bem com ou sem filhos. Não havendo amor, o casamento tende a ser um mal, com ou sem filhos. Fica provado pelos fatos, pela lógica que não existe relação necessária entre casamentos e reencarnações, ficando igualmente demonstrado que o argumento da pergunta é indutivo ao erro e não pode ser considerado como válido para provar a falsidade da tese reencarnacionista.
OITAVA PERGUNTA
Caso a reencarnação fosse uma realidade, as pessoas nasceriam de determinado casal somente em função de seus pecados em vida anterior. Tivessem sido outros os seus pecados, outros teriam sido seus pais. Portanto, a relação de um filho com seus pais seria apenas uma casualidade, e não teria importância maior. No fundo, os filhos nada teriam a ver com seus pais, o que é um absurdo.
R- Novamente aqui se demonstra um profundo desconhecimento da doutrina da reencarnação. Na verdade, é exatamente o oposto o que ocorre. As verdadeiras famílias são as famílias espirituais e a reencarnação, ao contrário do que sugere a pergunta é um elemento poderoso a fortalecer os laços de simpatia que unem os espíritos e fazem com que permaneçam ligados uns aos outros nas duas dimensões da vida, ajudando-se na superação das provas e evoluindo juntos num clima de verdadeira fraternidade espiritual. Isso, aliás, é muito mais racional, visto que os laços mais se fortalecem na medida da convivência contínua. É necessário, contudo, tecer algumas considerações concernentes ao problema do parentesco que parece ser um caso mal resolvido pelos não reencarnacionistas, em razão de sua dificuldade em enxergar além dos limites da vida física. Importa dizer que o único parentesco eterno e imutável é o espiritual e, por esse, somos todos irmãos. Em qualquer ponto do infinito universo em que haja um espírito, independente do grau de evolução em que se encontre, ali está um irmão em Deus, que deve ser amado como tal, em conformidade com a lei de fraternidade universal. O parentesco terreno, fundado em laços genéticos, se desfaz com a matéria, sendo correto dizer que os estados de filiação criados na terra não prevalecem no plano espiritual. O que prevalece é o amor. Esse amor pode determinar que espíritos que tenham vivido numa encarnação como pais e filhos, venham a trilhar juntos uma nova jornada, dentro de uma mesma família terrena, mas não necessariamente com os mesmos laços, podendo serem os papéis invertidos ou modificados, de acordo com as necessidades evolutivas. Pode ocorrer, inclusive, de espíritos ligados por forte elo de amor fraterno reencarnarem em famílias diferentes, encontrando-se ao longo da jornada terrena e reatando os laços de que os unem. Isso explica o fato de, muitas vezes, haver mais simpatia, fraternidade, e sintonia de idéias entre duas pessoas de famílias completamente diversas do que entre irmãos consangüíneos. Resta demonstrado que as pessoas não nascem de determinados pais apenas em função de seus pecados. Pensar assim é assumir uma atitude reducionista e mesquinha diante de algo tão grande, profundo e complexo como é a Lei de Reencarnação. Entretanto, convém admitir que, se assim fosse, e os laços de filiação fossem ditados pelos erros cometidos contra o próximo, pelo menos haveria uma lógica por trás das relações. Vale então perguntar: e se não houvesse reencarnação? Os filhos estariam ligados a seus pais com base em vínculos de que espécie? Aí sim, haveria casualidade. Aliás, a pergunta parece desconhecer o sentido do termo “casual”. Nenhum fato que tenha por suporte uma relação de causa e efeito pode ser considerado casual, por mais insignificante que seja essa relação. Vale dizer: a causalidade exclui a casualidade. Não há argumento contra isso.

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